07 abril 2016

SEJA – Semana do Jovem e do Adolescente: veja como foi?

Tivemos, na semana passada, a 3ª edição da Semana do Jovem e do Adolescente. Ainda em 2015, logo após a 2ª edição, foi realizada uma enquete com todos os alunos, do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, para que elegessem os temas da próxima edição. As escolhas refletiram bem as angústias da adolescência: sexualidade e drogas.

Mantendo sua tradição de ouvir os alunos e de falar para eles, a edição de 2016 foi um sucesso. Confiram como foi cada um dos encontros.

Quando as drogas são o assunto, prevenção é a palavra chave

SAM_0225Com a presença do Coordenador de Prevenção às Drogas de Campinas, Nelson Hossri, a palestra de abertura da SEJA começou desfazendo mitos e esclarecendo fatos: drogas são quaisquer substâncias, naturais ou sintéticas, que introduzidas no organismo modificam suas funções, sensações, humor ou comportamento. Dito isso, o palestrante destacou que, tanto as drogas ilícitas (maconha, ecstasy, cocaína) quanto as drogas lícitas como o álcool e o cigarro (incluindo narguilé) provocam danos em nossos corpos e em nossas vidas.

Para enfatizar essa ideia, Nelson Hossri chamou a atenção para os efeitos que diferentes substâncias provocam. “Não importa se são depressoras, estimulantes ou perturbadoras. Toda droga traz, além das consequências físicas, uma série de danos sociais“. Foi justamente mostrando o que acontece com a vida de um usuário de drogas que ele alertou para o risco do consumo de tais substâncias: o único caminho totalmente seguro é o da prevenção. Uma vez dependente, nosso cérebro já não funciona do mesmo jeito e parar de usar se torna cada vez mais difícil. Ao mesmo tempo, a dependência, cada vez mais nociva.

Após destacar a necessidade da prevenção, foi também enfático sobre o caminho da recuperação. “Sozinhos não somos capazes de nos livrar da escravidão provocada pela dependência“, apontou o palestrante. Sendo assim, para que possamos ajudar e sermos ajudados, o palestrante indicou as 3 primeiras fases do vício:

  1. Negação da doença. Uso da droga para ficar desinibido, para fugir da realidade;
  2. Surgimento dos primeiros problemas sociais (acidentes de carro, atraso ou falta ao emprego, destruição de laços sociais e problemas nos relacionamentos etc);
  3. Perda do controle no uso da droga, gerando danos físicos graves e crises de abstinência (vômito, dores pelo corpo, agitação e ansiedade, perda severa de peso etc)
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Aluno Lucas (6º ano), atendo à palestra.

Durante toda a palestra, a postura de nossos alunos foi algo que chamou a atenção até mesmo do palestrante. Acostumado a percorrer colégios e eventos em nossa região, Nelson Hossri elogiou a organização do mesmo, bem como a participação da garotada. Chamou-lhe a atenção, em especial, segundo suas palavras, “um garoto do sexto ano“, cujos questionamentos eram de uma pertinência e maturidade impressionantes. Além de demonstrar ter conhecimento sobre diversos temas tratados durante os slides, o aluno Lucas Emanuel, do 6º ano A, apresentou para a discussão um caso particular de um conhecido que, apesar de fumante, insiste constantemente para que ele jamais se aproxime do cigarro. “Essa consciência de que faz mal é que é importante que todos tenham“, disse o aluno. Ele completa em uma análise repleta de bom senso: “para quem se tornou um viciado é muito difícil parar. Por isso prevenir é o melhor caminho“. Ele arremata com uma frase bastante reflexiva: “as ações passadas do homem o prevenirão no futuro“!

Já a aluna Carol, do 9º ano, destacou o Instituto Padre Haroldo como uma referência no tratamento de dependentes químicos no município de Campinas. Ela e outros colegas citaram conhecer o curso “Amor Exigente”, responsável por oferecer formação e capacitação de famílias no enfrentamento do problema das drogas.

Além deles, alunos do Ensino Médio também comentaram sobre um tema que muitas vezes é comum em círculos de jovens: o mito de que narguilé não faz mal. Um dos alunos concordou com o palestrante questionando: “como podem achar que respirar fumaça de carvão não seja nocivo à saúde? Tem gente que acha que só porque se coloca uma essência cheirosa ou algo que dê um sabor diferente não se trata de uma droga“, arrematou. De acordo com a fala do palestrante, fumar narguilé é até 100 vezes mais nocivo que um cigarro comum. Vai encarar?

Sexualidade é muito mais do que sexo

SAM_0242A partir de que idade uma garota pode engravidar? Com quem falar em caso de dúvidas? Qual a idade certa para namorar? Essas e dezenas de outras perguntas permearam a palestra de Antonieta Mazon. Formada em pedagogia e especialista em Sexualidade Humana, ela mostrou desenvoltura ao tratar de temas delicados, para alguns constrangedores. No entanto, sua mensagem foi clara desde o começo: não adianta buscar as informações no lugar errado! É em casa, com nossos pais, que devemos tirar nossas dúvidas sobre sexualidade.

Sabendo equilibrar conhecimento científico com sua experiência na área de educação, Antonieta apresentou uma proposta. Na sua visão, a palavra chave sobre sexualidade é a sabedoria. “Antes de qualquer atitude, reflita sobre as consequências de seus atos“, sugeriu a palestrante. Nosso corpo é preparado para o desejo e é bom que seja assim, pois a união entre homem e mulher é o que permite a continuidade da espécie. No entanto, não devemos nos esquecer de que existe a hora e o momento certos para isso.

Um exemplo claro dado pela pedagoga foi a gravidez na adolescência. Por mais que uma mulher seja capaz de engravidar a partir do momento em que tem a sua primeira menstruação, o seu corpo ainda não está totalmente preparado. “Os riscos físicos que uma menina de 13, 15, 17 anos corre ao engravidar são reais“, alertou. Uma das falas da palestrante surpreendeu os alunos. Ela destacou que não são apenas os riscos da hora do parto que impactam a vida de uma adolescente grávida. “Todo o desenvolvimento físico para em uma gravidez precoce. É muito comum que adolescentes grávidas tenham estatura bem abaixo da média“. Questionado por um aluno se “seria possível ter uma vida normal depois de ser mãe/pai na adolescência“, Antonieta foi enfática: a vida não será a mesma que seria sem a gravidez, pois os estudos, o trabalho e o desenvolvimento psicológico serão impactados.

SAM_0258Além desse tema, o corpo humano e outras informações científicas relacionadas à sexualidade também foram apresentados. O assunto DST (doenças sexualmente transmissíveis) foi um dos que mais chamaram a atenção. Antonieta citou, por exemplo, a recente epidemia de Sífilis no Brasil. Essa doença que preocupava o mundo séculos atrás, tem ressurgido nos últimos anos, muito em função de práticas sexuais inadequadas.

No entanto, a palestra não se limitou às questões físicas da sexualidade. Retomando a ideia das “atitudes responsáveis”, a palestrante alertou para o risco da exposição sexual na internet.

Para finalizar, Antonieta fez um experimento com os alunos, que foi aprovado por todos. Porém, para evitar spoilers aproveite a curiosidade e converse com seu filho sobre a palestra. Ele com certeza irá se divertir ao contar os detalhes.

Mesa redonda e Quiz agitaram os dois últimos dias

Para fechar a semana, depois da informação, a interação.

Na quinta-feira, os palestrantes Nelson e Antonieta se juntaram às orientadoras Karine e Márcia, e aos professores de ciências Tallis, Karin e Jorge para responder às dezenas de dúvidas dos alunos. Demonstrando muita maturidade e atenção, a garotada mostrou que, além de estar por dentro de diversos assuntos, tem curiosidade na medida certa. Foram quase 3 horas de sabatina com questionamentos prontamente respondidos pelos presentes na mesa.

Já na sexta, divididos entre time vermelho e time azul, todos os alunos voltaram a se reunir para uma competição de perguntas e respostas sobre drogas e sexualidade. Ao estilo “Passa ou Repassa”, 7 alunos representaram cada grupo e se revezaram para responder perguntas como:

  • Que substâncias químicas estão em evidência no desenvolvimento do bebê, durante a gestação e durante a puberdade e adolescência?
  • Por qual função psicoemocional a sexualidade é responsável?
  • Qual a terceira doença que mais mata no mundo?
  • Quais são os sintomas da abstinência alcoólica?

Além de animar os alunos que lotaram o teatro do colégio, a disputa serviu para tirar mais algumas dúvidas e testar os conhecimentos adquiridos durante a semana. Em resumo, um sucesso!