O papel do experienciar como ferramenta de ensino
Quando pensamos em aulas de ciências é bastante comum falarmos de experimentos. Porém, você acharia estranho se alguém falasse de aulas com experienciação?
Pode parecer sutil, mas as duas palavras têm significados bem diferentes. Enquanto experimentar significa testar, analisar uma amostra (algo intrínseco à ciência feita nos laboratórios, enquanto conhecimento empírico), o termo experienciar é bem mais amplo: significa viver uma nova realidade.
Ao longo do Ensino Fundamental, o conteúdo de Ciências é bastante amplo. Do 6º ao 8º ano, Biologia, Física e Química estão reunidas em uma única disciplina. Porém, no 9º ano elas aparecem separadas. Para lidar com tanta informação de modo que elas se transformem em conhecimento, no Ave Maria usamos estratégias que fazem toda a diferença. Conheça uma delas, sucesso entre os alunos do 8º ano.
Bebê Ovo: vivência que gera conhecimento e prevenção
Sabe aquela expressão “entrar por um ouvido e sair pelo outro“? Todo pai passou, ou passará um dia, pela experiência de dizer algo a seu filho e sentir-se como se estivesse falando ao vazio. Geralmente a bronca, ou conselho, vem acompanhada da frase “se um dia acontecer, será tarde demais e você vai se lembrar do que estou te falando“, ou, quando já é tarde demais, “eu avisei!!!”
Quem trabalha com educação sabe que punições e ameaças não são a melhor forma de se ensinar. Oferecer experiências, orientar e, quando possível, oferecer reforços positivos, são formas mais efetivas e eficientes. Foi o que fez a profª. Karin, junto às turmas do 8º ano. Para trabalhar o tópico “Vida e Ambiente: sistema genital humano”, a professora desenvolveu o projeto Bebê Ovo.
Cada aluno teve de assumir um “filho”, sorteado durante as aulas. Melão, Ovo, Melancia, Coco ou Abobrinha. A missão: cuidar em tempo integral do “filho” durante uma semana! Nada de deixar em casa com os avós ou babá. Os alunos tiveram de carregar para cima e para baixo seu pequeno filhinho.
Vai no shopping, carrega o Bebê. Tem aula de natação, leva o Bebê. Está na hora do recreio e o Bebê está chorando, fica com ele na orientação dando mamadeira. Festa em família, tem de arrumar o Bebê para todo mundo achá-lo lindo. Vai sair com os amigos para jogar futebol, leva o Bebê junto.
Porém, quem pensa que para por aí, cada aluno teve de fazer ao final do projeto um relatório, respondendo uma série de perguntas sobre reprodução, doenças sexualmente transmissíveis, custos envolvidos na criação de um filho, além, é claro, de passarem pela avaliação de um especialista: seus pais.
A última questão do trabalho Bebê Ovo solicitava aos pais dos alunos uma avaliação do projeto escrita a mão pelos seus próprios pais. Maria Angélica, mãe da aluna Gabriela Dias, destaca as perguntas feitas pela filha:
- Você também me levava a vários lugares?
- Como foi voltar a trabalhar depois da licença maternidade?
- Quais eram os gastos comigo?
A mãe chama atenção para a mudança entre a empolgação inicial e o choque de realidade e conclui: vivenciar “ser mãe” foi de suma importância.
Já a aluna Samanta, além de assumir para si a responsabilidade pelo seu “filho”, envolveu toda a família. Ela, que tem um irmãozinho pequeno, descobriu como duas crianças juntas podem se divertir. O seu Bebê Ovo, a melancia Mike, passou boas horas brincando com o “titio” que tinha quase a mesma idade.
“Eu achei muito inteligente este projeto. Foi uma forma inteligente do adolescente vivenciar as consequências de uma atitude não planejada“, destaca Rita, mãe do aluno Guilherme Gumier. “Ter filhos é muito bom, mas não é uma brincadeira, tem de acontecer no tempo certo“, conclui a “vovó” do pequeno Alan Jr, nome dado por Guilherme à sua melancia.