Diga-me com que escreves, que te direi em que série estás!
Há coisas na vida que, de tão simples, muitas vezes passam desapercebidas. Quando crianças, passamos por mudanças e descobertas que, para um adulto, podem sem apenas rotinas, sem muita importância. Porém, quando paramos para observar, descobrimos o quão profundas e importantes são essas mudanças.
É o caso da festa realizada pelos 4ºs anos, na semana de volta às aulas. As professoras promoveram comemorações para o “Dia da Caneta”!! Para nós, “gente grande”, escrever à tinta pode parecer algo trivial, irrelevante, mas para as crianças essa foi uma data especial, um marco de maturidade e prova de que estão crescendo.
Se engana quem pensa que a restrição ao uso de canetas é algo sem importância. Há uma série de justificativas pedagógicas e motoras para sua adoção nessa fase escolar.
Em primeiro lugar, o desenvolvimento da escrita vai muito além da memorização de códigos e símbolos. Nossa memória funciona melhor quando utiliza mais de um sentido para lembrar-se de algo. Neste caso, associamos a memória visual – formato de uma letra – à memória cinestésica, ou seja, os movimentos musculares necessários para traçar a letra.
Além disso, no início da alfabetização, para escrever, uma criança precisa pensar, escrever lentamente até adquirir habilidades motoras suficientes. É por esse motivo que, primeiramente, as crianças aprendem a letra bastão maiúscula. Isso no Infantil 3 e 4 e primeiro ano. A escrita cursiva, começa a ser desenvolvida apenas no 2º ano do Ensino Fundamental.
Durante esses primeiros anos da escrita, os alunos são incentivados a fazerem uso exclusivo do lápis de grafite HB2. Este tipo de lápis dará ao aluno maior firmeza na escrita, pois o grafite desliza com maior resistência. Já as canetas esferográficas “escorregam mais” o que pode gerar letras tremidas e irregulares.
Só depois de desenvolverem a musculatura e o pensamento mais rápido é que os alunos estão prontos para aproveitas as facilidades da nova ferramenta. Do ponto de vista socioemocional, a criança aprende, também, a lidar com o erro. Especialmente se opta por não fazer uso de corretivos. Ao utilizar um traço e os parênteses, por exemplo, ela passa a refletir sobre os erros que cometeu, sem apagá-los.
Se você tem uma criança em casa, com menos de 8 anos, fica a dica: ofereça a ela lápis de cor ou lápis de grafite sempre que ela quiser desenhar ou escrever. Eles irão a ajudar no desenvolvimento da coordenação motora e no desenvolvimento cognitivo do pequeno!