21 setembro 2014

As manifestações artísticas e jornalísticas e o seu embate com a Censura durante o Regime Militar

“Alegria, alegria”, “Cálice”, “Meu caro amigo”, “O bêbado e o equilibrista”, “Como nossos pais”. Esses são apenas alguns títulos de músicas que representam um período bem conturbado do Brasil: a ditadura militar.

O período da ditadura teve início a partir do golpe de estado imposto pelos militares em 1964 e, com esse fato, surgiram vários decretos que causaram a insatisfação de muitas pessoas. Porém, essa insatisfação, de acordo com os militares, não podia ser expressa, aparecendo, assim, a censura no Brasil.

As pessoas queriam poder expressar a sua insatisfação contra o governo, ou simplesmente, produzir cultura, mas os militares proibiam músicas, peças de teatro, filmes, livros e manifestações populares que eram contra o gosto e a vontade deles, sob pena de quem desobedecesse ter sérias consequências, como a prisão, a tortura e até mesmo a morte. 

Um exemplo de censura ocorreu na música “Cálice”, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil. Utilizando o jogo de palavras “cálice x cale-se”, essa música é uma das principais representantes da crítica feita aos militares. Era para ser cantada em um show em São Paulo, mas, no dia do show, descobriram que a música havia sido proibida. Decidiram, então, cantá-la sem letra, com palavras desconexas. No entanto, com a colaboração da própria gravadora, todos os microfones foram deligados e Chico, irritado, teve que recorrer apenas às músicas liberadas. 

Outra música bem marcante da época foi “Como nossos pais” (Belchior), que tinha os seguintes versos:

Minha dor é perceber 

Que apesar de termos 

Feito tudo, tudo, 

Tudo o que fizemos 

Nós ainda somos 

Os mesmos e vivemos 

Ainda somos 

Os mesmos e vivemos 

Ainda somos 

Os mesmos e vivemos 

Como os nossos pais…

Dentre as várias interpretações, esses versos podem ser entendidos, de acordo com o site literatortura.com, como uma juventude que era reprimida pela ditadura, não possibilitando que a situação política do país fosse mudada. Ou seja, agíamos como nossos pais, sem vontade ou sem sentir a necessidade de lutar para mudar o quadro político vigente.

Novelas e notícias de jornal, além de peças de teatro e livros, também eram censuradas. “O bem amado” e “Roque Santeiro”, novelas da TV globo, tiveram problemas com a ditadura e, nos jornais, se uma notícia que estava para ser publicada fosse censurada, receitas de bolo, trechos de livros como Os Lusíadas, ou simplesmente um espaço em branco eram colocados no lugar.

A falta de liberdade e o modo violento de combatê-la eram algumas das marcas que representavam a censura no Brasil e, consequentemente, a ditadura militar. A censura e as torturas desse período serão trabalhadas no projeto de história do Ensino Médio, na Mostra Cultural, que acontecerá no dia 27 de Setembro, no Colégio Franciscano Ave Maria.

Por Rafael Siqueira

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